quinta-feira, 14 de março de 2024

Mandala de Mulheres 9 de março de 2024 - A Que Pesa a Verdade - A Terceira Mãe do Ciclo Lunar


 

Neste encontro trabalhamos regidas por um  mito da criação, resgatado por Jamie Sans,  As 13 Mães dos Clãs Originais. Cada uma delas resgata um aspecto da sabedoria feminina, cuja missão é trazer o equilíbrio perdido de volta a humanidade e ao planeta Terra.

Cada Mãe tem sua lunação, e o mês de março é a que  Pesa a Verdade.

Quando mais de uma mulher, se propõe a mobilizar um tema transformador, e quando este tema tem sua origem num povo originário, podemos nos conectar com energias sutis do campo coletivo e se estivermos dispostas a receber suas influências, podemos despertar sabedorias, emoções e fortes resistências dentro de nós. O aprendizado da alma se dá na observação mais profunda do movimento da vida, na escuta das “entrelinhas” do nosso cotidiano... Desafio cada vez maior nos nossos tempos de excessos. Por isso,  vez ou outra cabe a ousadia de  se lançar em experiências compartilhadas em grupo, que busquem estimular visões mais subjetivas, simbólicas, que nos convide a ir um pouco mais além da visão comum. As mulheres, os artistas, as crianças, os indígenas .... têm estas “manias”.

Com este objetivo, lá fomos nós, encarar a dinâmica da verdade, a ciência de ser movidas por ela. Eu, psicóloga arteterapeuta e Marta Medeiros, focalizadora de danças circulares, resolvemos compor uma vivência com escuta da história, dança das etapas narradas nela e depois sentarmos em roda e nos ouvir.

O momento é sempre único, mesmo que acreditemos estar no controle da situação. Sim, a gente ainda insiste nesta bobeira.

A semana que antecedeu o encontro foi difícil, fiquei doente, tinha dúvidas se conseguiria estar presente e com energia. Decidi ir , mesmo ainda doente, confiando na energia da cura e do grupo. Na noite anterior, dia Internacional das Mulheres, assisti um espetáculo com uma atriz indígena, fiel a sua língua materna, que por sua vez significa “fala verdadeira” e o qual me tocou profundamente. Minha vulnerabilidade me convidava à humildade. Fiz ajustes e usei da prática simples da verdade para me equilibrar. Aceitei meus limites e os que foram apresentados, quando por exemplo o som da sala não funcionou.

 

As sincronicidades seguem se manifestando em detalhes e belezas; duas participantes faltaram, outra precisou sair antes do final e no fim éramos 13 mulheres!

Os ventos entravam de formas diversas na sala, vento forte, vento leve, vento com chuva, sem vento... e  assim que contei a seguinte História

 

Mãe do Terceiro Ciclo Lunar

 

Pesa a Verdade sentou -se em sua cabana circular feita de barro e galhos de bétula. Era uma noite de verão e la não precisava do fogo para se aquecer durante sua meditação. Nessa noite ela estava acompanhada do espírito da Coruja, animal totêmico que tem o poder de eliminar a mentira e a decepção.

Pesa a Verdade se confrontava com uma situação na qual suas habilidades para encontrar o equilíbrio da justiça eram demandadas. Alguns dias antes, duas mulheres da tribo vieram até ela para lhe pedir um julgamento.

Àguas que Correm havia acusado Ganso Azul de ter pegado, às escondidas, mais do que lhe era devido do depósito comunitário de alimentos. Por sua vez, Ganso Azul acusava Aguas que Correm de espalhar boatos a seu respeito, de ser mexeriqueira e de se intrometer no Espaço Sagrado alheio.

A Guardiã da Justiça passou então quatro dias e noites pesando a questão. Quando o Avô Sol se levantasse no próximo dia, ela anunciaria sua decisão perante o Conselho da Tribo. Para enxergar além das ilusões desse situação conflituosa, Pesa a Verdade dirigiu-se às quatro direções e pediu a orientação dos Quatro Ventos. A cada noite ela se dirigiu a uma direção fumando seu Cachimbo com tabaco sagrado, invocando os espíritos de cada direção.

Na primeira noite, o Vento do Leste lembrou-se de que quando se clareia uma situação com a luz do amor incondicional, a luz do Avô Sol ilumina o buscador para que sua visão esteja livre de preconceitos. Na segunda noite, os Espíritos do Sul lhe falaram sobre as lições de humildade e inocência que precisavam ser aprendidas nessa situação.  Na terceira noite, ela chamou o Vento do Oeste que respondeu mostrando-lhe como sua decisão poderia afetar o futuro das duas mulheres da tribo até mesmo das gerações vindouras. Quando o quarto dia chegou, o Vento do Norte soprou, e Pesa a Verdade sentiu toda gratidão pelas respostas já recebidas e pediu a cura de todos envolvidos na situação.

Ela chamou o espírito da Coruja, guardião da direção de cima. Chamou também o guardião da direção de baixo, a Doninha, cuja qualidade é a de observar as evidências para trazer a verdade à Luz. Pediu a presença do Corvo, cuja sabedoria e discernimento destroem a decepção. O quarto espírito totêmico a se apresentar foi o Crocodilo, que auxilia a digerir e assimilar a verdade. A presença dos animais de poder fortaleceram as habilidades de julgamento de Pesa a Verdade.

Para chegar ao âmago da questão, ela tinha que olhar para aquilo que estava por trás da situação e das atitudes daquelas mulheres. Ela viu com clareza que o que movia Ganso Azul era a culpa, pois ela se sentia culpada por haver perdido seu filho caçula na última lua da fome. Seu trauma era tamanho que mesmo tendo alimento suficiente para si e sua família, escondia-se para pegar mais comida no depósito da comunidade.

Águas que Correm, por sua vez, era dominada pela carência. Em sua infância, com 20 irmãos e irmãs, sua mãe mal decorava o nome de todos. Ela não tinha nunca quem a ouvisse ou se interessasse por suas palavras, assim, quando adulta, tornou-se uma faladeira compulsiva, sempre chamando a atenção para si e causando estardalhaço.

Quando o Conselho da Tribo reuniu-se para ouvir a decisão de Pesa a Verdade, as duas mulheres se apresentaram, ela olhou com bondade nos olhos de cada uma e proferiu seu veredito.

“Para que o equilíbrio se restabeleça em nossa tribo, em suas famílias e em seus corações, ambas precisam passar por experiências curadoras. Durante as p´roximas 13 Luas, Ganso Azul irá trabalhar algumas horas a mais para recolher frutos e tibérculos e vai distribui-los às famílias que tiveram algum membro morto pela fome. A cada semana ela irá ajudar uma dessas famílias, vai conviver com pessoas que passaram pela mesma dor de ter os filhos mortos pela fome ou vai cuidar das crianças cujos pais se foram pela mesma causa. Enquanto isso Águas que Correm irá acompanha-la em silêncio, apenas observando sem proferir uma palavra sequer, pelas próximas 13 Luas”

E assim, a decisão foi acatada por todos.

 

13 Luas se passaram, ao final das quais o Conselho reuniu-se novamente para ouvir o relato das mulheres.

A primeira a se pronunciar foi Ganso Azul: “ Neste tempo de cura, aprendi que cada membro da tribo também já sofreu com perdas. Compartilhei minha dor e me desfiz do medo da escassez que me atemorizava. Estou em paz comigo mesma, pois não carrego mais a culpa e a vergonha que toldavam meu espírito. Minha família agora se estende além dos laços de sangue, pois amei cada criança que tomei aos meus cuidados”

Águas que Correm, que não havia pronunciado palavra há 13 Luas, levou alguns minutos para reencontrar sua voz. “Essse tempo de cura mudou completamente minha atitude, meu caminho e minha compreensão de mim mesma. Ao ouvir as histórias dos outros, via e ouvia minha própria história de transformação. Compreendi profundamente a necessidade que eu tinha de ser reconhecida como uma pessoa valorosa. Aprendi a deixar de lado a crítica, o julgamento e ter compaixão por mim e pelos outros”

As duas mulheres, agora amigas de coração, estavam extremamente gratas a Pesa a Verdade, por sua sabedoria ao dar a elas aquilo que precisavam para cura de suas almas.

(tradução livre do livro The Thirteen Original Clan Mothers, Jamie Sans)

 

 

As Danças


A primeira dança Circular foi Conectando Corações

Uma dança sutil de muita  reverência e que tinha um momento muito delicado onde nos movíamos tocando o coração uma das outras, formando uma corrente na altura do cardíaco


A segunda foi uma dança infantil, um brinquedo de roda para olhar no olho, tocar e confiar na dupla e manter a dança.

Brincadeira, choradeira pra quem vive uma vida inteira! Mentirinha, falsidade, pra quem vive só pela metade!


A terceira reverenciar a Mãe Terra para se estruturar e decidir

PachaMama

A quarta uma reunião de movimentos mais livres para agradecer e curar

Um ponto forte de energização e conexão

 

Com esta qualidade de energia nos sentamos para nos sentir e ouvir. Infelizmente não tínhamos quatro noites nem o apoio dos animais de poder. Mas conseguimos nos expressar com afeto e verdade. Era nítido que não éramos as mesmas depois daqueles ventos especiais.

A Extensão da experiência é responsabilidade de cada uma. Os ciclos são necessários, tudo tem seu tempo


Até a próxima!

Grata pela presença e confiança!

 

 

 

domingo, 18 de fevereiro de 2024

DANÇA CIRCULAR e RODA de EMPATIA Temática




 Nutrindo os Elos com a Sabedoria Ancestral





 

  Após cinco anos sem um encontro, realizaremos esta celebração numa Roda de Danças Circulares Sagradas conectadas ao Mito das Treze Mães do Clã Original, resgatado pela escritora norte americana Jamie Sans, no seu livro "The Thirteen Original Clan Mothers" (1993). Cada Mãe do Clã representa um arquétipo da sabedoria feminina e juntas formam o Círculo de Mulheres Sábias com a missão de trazer o equilíbrio de volta ao Planeta Terra , a partir do resgate dos valores da  humanidade.

 O Mito nos inspira muitos percursos, alguns já trabalhados em outras Mandalas de Mulheres.

 Desta vez com a parceria de Marta Medeiros, focalizadora experiente das Danças Circulares, vamos buscar a conexão com a terceira Guardiã , "A Que Pesa a Verdade", a Guardiã da justiça. Ela nos ensina o equilíbrio da ação e reação, o processo da força e da vulnerabilidade dentro de nós como possibilidade de expansão . 
   Sua palavra chave é a COMPAIXÂO.

"Quando curamos nós mesmas, outros são curados. Quando cultivamos nossos sonhos, nós damos vida aos sonhos da humanidade. Quando andamos como faces de amor da Mãe Terra, nós nos tornamos Mães da Força Criativa, férteis e capazes de dar vida. Quando honramos nossos corpos, nossa saúde e nossas necessidades emocionais, nós criamos espaço para nossos sonhos se tornarem realidade. Quando falamos a verdade a partir de nossos corações, nós promovemos a continuidade da abundância da vida no nosso 
Planeta Mãe."

  A Dança Circular cria Mandalas em movimento , organizando e desenhando no espaço um campo de virtudes que se queira mover. 
  A Roda de Empatia, nos princípios da escuta da não-violência, exercita um caminho de conexão verdadeira por meio da escuta sem julgamento, opinião ou conceito.
  Esse será nosso movimento , será um prazer incrível receber vocês neste lugar de tanta harmonia que é o Pulsare Práticas Corporais.



Será também uma homenagem a nossa amada Angelica Rente, grande propulsora das Rodas de Empatia e das Danças Circulares, que tornou-se uma mandala viva em nossos corações após sua partida em 2020.