domingo, 20 de novembro de 2011

A MULHER BORBOLETA 25 de novembro

Nosso último encontro do ano será Dançante. A espontaneidade será nossa referência para nos conectarmos com a essência desta história de mulher, aquela que é como é, e exatamente por isso é a expressão da plenitude.


Segue um texto de Clarissa Pínkola para nossa reflexão a respeito da nossa relação com o corpo e a sexualidade:


“Apesar de uma mulher não ter condição de parar a dissecação da cultura e das terras da noite para o dia, ela tem condições de interromper este processo no seu próprio corpo apropriando-se dele com alegria e amor. “

 
Na psique instintiva o corpo é considerado um sensor, uma rede de informações, um mensageiro com uma infinidade de sistemas de comunicação – cardiovascular, respiratório,ósseo,nervoso,vegetativo, bem como emocional e  intuitivo. No mundo imaginário, o corpo é um veículo poderoso, um espírito que vive conosco, uma oração de vida nos seus próprios méritos. Nos contos de fadas, como encarnado por objetos mágicos que têm capacidades e qualidades sobre humanas, considera-se que o corpo tem dois pares de orelhas, um para ouvir os sons do mundo,o outro para ouvir a alma,dois pares de olhos,um para a visão normal, o outro para a vidência; dois tipos de força, a dos músculos e a invencível força da alma.(..) O corpo usa sua pele,sua fáscia e carne mais profunda para registrar tudo que ocorre com ele. Como a pedra de Rosetta, para aqueles que sabem decifrá-lo, o corpo é um registro vivo de vida transmitida, de vida levada,de esperança de vida e de cura. Seu valor está na capacidade expressiva para registrar reações imediatas, para ter sentimentos profundos, para pressentir.

O corpo é um ser multilíngüe. Ele fala através da cor, da temperatura, do brilho do amor, do rubor do reconhecimento, das cinzas da dor, do calor da excitação, da frieza da falta de convicção. Ele fala através do seu bailado ínfimo e constante, as vezes oscilante, as vezes agitado, trêmulo.Ele fala com o salto do coração, a queda do animo,o vazio no centro e com a esperança que cresce.

O corpo lembra, os ossos lembram ( ...). Como um esponja cheia de água, em qualquer lugar que a carne seja pressionada, torcida ou mesmo tocada com leveza, pode jorrar ali uma recordação.


Limitar a beleza e o valor do corpo a qualquer coisa inferior a essa magnificência é forçar o corpo a viver sem seu espírito de direito, sem sua forma legítima, seu direito ao regozijo.Ser considerada feia ou inaceitável porque nossa beleza está fora da moda atual fere profundamente a alegria natural que pertence a natureza selvagem.

As mulheres têm bons motivos para refutar modelos psicológicos e físicos que são danosos ao espírito e que rompem o relacionamento com a alma selvagem.



Clarissa Pinkola ( Mulheres que correm com os lobos, pg251)

Segue a transcrição da história relato do livro Mulheres que correm com os Lobos cap.7

La Mariposa, a Mulher-borboleta

"Para falar sobre o porder do corpo de um outro ângulo, tenho de lhes contar uma história, uma verdadeira e bem longa.

Há anos, os turistas atravessam barulhentos o enorme deserto norte-americano, cobrindo às pressas o 'circuito espiritual': Monument Valley, Chaco Canyon, Mesa Verde, Kayenta, Keams Canyon, Painted Desert e Canyon de Chelly. Eles espiam pela pelve do Mother Grand Canyon, abanam a cabeça, encolhem os ombros e voltam correndo para casa, só para no verão seguinte atravessar de novo o deserto, olhando, olhando um pouco mais, espiando, observando um pouco mais.

Subjacente a tudo isso está a mesma fome de experiência espiritual que os seres humanos sentiram desde o início dos tempos. Em alguns casos, porém, essa fome é exacerbada pois muitas pessoas perderam o contato com seus antepassados. É muito comum que elas não saibam os nomes dos que vieram antes dos seus avós. Perderam, em especial, as histórias das suas famílias. Em termos espirituais, essa situação provoca tristeza... e fome. Por isso, muitos estão tentando reciar algo de importante para o bem da alma.

Há anos, os turistas també vêm a Puyé, uma grande mesa poeirenta no 'fim do mundo', no Novo México. Aqui os Anasazi, os antigos, costumavam se chamar de uma mesa para a outra. Diz-se que na pré-história foi o mar que entalhou os milhares de bocas e olhos, sorridentes, debochados e queixosos, nas paredes rochosas daquele lugar.

Os descendentes dos navajos, dos jicarilla apaches, dos utes do sul, dos hopis, zunis, Santa Clara, Santa Domingo, Laguna, Picuris, Tesuque, de todas essas tribos do deserto, reúnem-se aqui. É aqui que eles conseguem voltar, através da dança, a pinheiros nativos, aos cervos, às águias e Katsinas, espíritos poderosos.
Para aqui também vêm visitantes, alguns dos quais estão privados dos seus mitos genealógicos, isolados da sua placenta espiritual. Eles também já se esqueceram dos seus deuses ancestrais. Por isso, vêm observar os que não se esqueceram.

A estrada que sobe até Puyé foi construída para cascos de cavalos e para os mocassins. Com o tempo, no entanto, os automóveis foram ficando mais potentes, e agora tanto os habitantes do local quanto os turistas chegam em todo tipo de carro, picape, caminhonete e conversível. Os veículos sobem pela estrada, guinchando o soltando fumaça, num desfile lento e empoeirado.

Todos estacionam trochimochi, de qualquer jeito, no terreno irregular. Antes do meio-dia, a borda da mesa dá a impressão de um angavetamento de mil carros. Há quem estacione bem junto a pés de malva-rosa de um metro e oitenta de altura, pensando que basta afastar os galhos da planta para sair do carro. Só que esses pés de malva-rosa são centenários e parecem feitos de ferro. Quem estaciona junto a eles fica preso dentro do carro.

Antes mesmo do meio-dia, o sol é uma fornalha acesa. Todos caminham pesadamente com sapatos que queimam os pés, carregando guarda-chuvas caso chova (o que vai acontecer), uma cadeira de armar de alumínio caso eles se cansem (o que também vai acontecer) e, se forem turistas, talvez uma máquina fotográfica (se lhes for permitido) e latinhas de filme penduradas no pescoço como se fossem fieiras de alho.

Os turistas vêm com todo tipo de expectativa, desde as sagradas até as profanas. Vêm ver algo que nem todos conseguirão ver, um exemplo do mais selvagem dentre os selvagens, um espírito vivo, La Mariposa, a Mulher-borboleta.

O último evento é a Dança da Borboleta. Todos aguardam com imenso prazer a tal dança de uma só pessoa. Ela é apresentada por uma mulher, e que mulher! Quando o sol começa a se pôr, aparece um velho resplandecente no seu traje de cor turquesa que deve pesar uns vinte quilos. Com os alto-falantes guinchando como um pintinho que detectou um falção, ele sussurra no microfone de cromo da década de 1930, 'E nossa próxima atração vai ser a Dança da Borboleta'. Ele se afasta arrastando no chão e bainha dos jeans.

Ao contrário de uma apresentação de balé, na qual o número é anunciado, as cortinas se abrem e os bailarinos aparecem, inseguros, aqui em Puyé, como em outras danças tribais, o anúncio formal da dança pode preceder a aparição da dançarina em desde vinte minutos a uma eternidade. Onde está ela? Arrumando seu trailer, quem sabe. Aqui são comuns temperaturas superiores a 40 graus centígrados, e são necessários retoques de última hora na maquiagem do corpo desmanchada pelo suor. Se um cinto da dança, que pertenceu ao avô da dançarina, se partir no caminho até a area, ela simplesmente não faria sua apresentação pois o espírito do cinto precisaria descansar. Os dançarinos também podem se atrasar porque está tocando uma ótima música na 'Hora índia de Tony Lujan' na rádio Taos, KKIT (em homenagem a Kit Carson).

Pode acontecer de um dançarino não ter ouvido o alto-falante e precisar ser chamado por mensageiro a pé. E depois é claro que o dançarino precisa falar com todos os parentes no caminho até a arena, e com a maior certeza deve parar para que seus sobrinhos e sobrinhas dêem uma boa olhada. Como as crianças ficam assombradas de ver um imponente espírito Katsina que desperta a suspeita de se parecer, pelo menos um pouco, com tio Tomás ou uma participante da dança do milho que dá a impressão de ser mesmo muito parecida com tia Yazie. Afinal, existe a possibilidade sempre presente de que o dançarino ainda esteja lá na rodovia de Tesuque, com as pernas balançando da goela escancarada de uma picape enquanto o escapamento polui o ar por mais de quilômetros a favor do vento.

Enquanto esperam a Dança da Borboleta num estado de agitação irrefreada, todos tagarelam acerca das virgens das borboletas e sobre a beleza das meninas zunis que dançaram num antigo traje vermelho e preto, de um ombro só, e com vibrantes círculos cor-de-rosa pintados nas faces. Elogiam, também, os rapazes da dança do cervo que se apresentaram com galhos de pinheiro amarrados aos braços e às pernas.

O tempo passa.

Passa.

E passa.

As pessoam sacodem moedas nos bolsos. Chupam os dentes. Os turistas ficam impacientes para ver essa maravilhosa bailarina borboleta.

Inesperadamente, já que todos estão pra lá de entediados, os braços do tocados de tambor começam a fazer soar o sagrado ritmo da borboleta, e os cantores do coiro começam a gritar para os deuses com toda a alma.

Para os turistas, uma borboleta é algo delicado. 'Ah, a frágil beleza", sonham eles. Por isso, ficam necessariamente abalados quando surge aos saltos Maria Lujan. E ela é grande, grande mesmo, como a Vênus de Willendorf, como a Mãe dos Dias, como a mulher heróica de Diego Rivera, que construiu a cidade do México com um simples voltear do seu pulso.

E Maria Lujan é velha, muitíssimo velha, como uma mulher que voltou do pó; velha como um rio velho; velha como os pinheiros nos pontos mais altos das montanhas. Um dos seus ombros está nu. Sua manta vermelha e preta, um vestido-saco, pula de um lado para o outro com ela dentro. Seu corpo pesado e suas pernas muito finas fazem com que ela lembre uma aranha saltitante envolta numa pamonha.

Ela salta num pé só, e depois no outro. Ela abana seu leque de penas por toda parte. Ela é A Borboleta que chegou para dar forças aos fracos. Ela é o que a maioria considera não ser forte; a velhice, a borboleta, o feminino.

O cabelo da Donzela Borboleta cai até o chão. Ele é denso como dez feixes de milho e é de um cinza de pedra. E ela usa asas de borboleta do tipo que se vê nas crianças que fazem papel de anjos em peças de escola. Seus quadris são como duas enormes cestas balouçantes e a parte carnuda do alto das nádegas é larga o suficiente para carregar duas crianças.

Ela salta, salta e salta, não como um coelho, mas em passinhos que ecoam.

- Estou aqui, aqui, aqui...

- Estou aqui, aqui, aqui...

- Acordem. Acordem. Acordem!

Ela abana o leque para cima e para baixo, salpicando a terra e o povo da terra com o espírito polinizador da borboleta. Suas pulseiras de conchas chocalham como cascavéis; suas ligas provisas de sinos produzem o som da chuva. Sua silhueta com sua grande barriga e pernas pequenas dança de um lado do círculo para o outro. Seus pés deixam pequenos remoínhos de poeira.

As tribos ficam reverentes, envolvidas. No entanto, alguns turistas olham uns para os outros, perguntando, aos sussurros, de aquilo é a Donzela Borboleta.

Eles estão perplexos, alguns até mesmo decepcionados. Parecem não mais lembrar de que o mundo dos espíritos é um lugar em que os lobos são mulheres, os ursos são maridos e as velhas de dimensões avantajadas são borboletas.

É, é apropriado que a Mulher Selvagem/Mulher-borboleta seja velha e corpulenta, pois ela traz o mundo dos trovões num seio, e o mundo subterrâneo no outro. Suas costas são a curva do planeta Terra com todos os seus frutos, alimentos e animais. Na sua nuca, ela traz o sol nascente e poente. Sua coxa esquerda guarda todos os pinheiros; sua coxa direita, todas as lobas do mundo. Em seu ventre estão todos os bebês que um dia ainda irão nascer.

A Donzela Borboleta é a força feminina fertilizadora. Ao transportar o pólen de um lugar para outro, ela fecunda por cruzamento, da mesma forma que os arquétipos fesrtilizam o mundo concreto. Ela é o centro. Ela aproxima os opostos ao tirar um pouco daqui e levá-lo para lá. A transformação não é nem um pouco mais complicada que isso. É essa a sua lição. É assim que a borboleta faz. É assim que a alma atua.

A Mulher-borboleta corrige a idéia equivocada de que a transformação é só para os torturados, para os santos, ou apenas para os tremendamente fortes. O elf não precisa mover montanhas para se transformar. Um pouco basta. Um pouco vai longe. Um pouco muda muita coisa. A força fertilizadorea substitui a movimentação de montanhas.

A Donzela Borboleta poliniza as almas da terra. É mais fácil do que vocês pensam, diz ela. Ela abana seu leque de penas e saltita porque está derramando pólen espiritual sobre todos os presentes, índios norte-americanos, criancinhas, turistas, todo mundo. Ela está usando seu corpo inteiro como uma bênção, esse seu corpo velho, frágil, grande, manchado, de pernas curtas e quase sem perscoço. Essa é a mulher vinculada à natureza selvagem, a intérprete da força instintiva, fertilizante, a que conserta, aque rcorda antigas idéias. Ela é La Voz Mitológica. Ela é a encarnação da Mulher Selvagem.

A intérprete da dança da borboleta tem de ser velha por representar a alma que é velha. Ela é larga da coxas e ancas por carregar tantas coisas. Seu cabelo grisalho garante que ela não precisa mais obedecer a tabus ligados ao contato com outras pessoas. É permitido que ela toque a todos: meninos, bebês, homens, mulheres, meninas, os idosos, os enfermos, os mortos. A Mulher-borboleta pode tocar qualquer pessoa. É seu privilégio de tocar a todos, afinal. Esse é o seu poder. Seu corpo é o de La Mariposa, a borboleta."


sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Encontro de 28 de outubro - A Mulher Esqueleto

A RECUPERAÇÃO DO PULSO DO AMOR


fundo na Mandala Central

"A mulher esqueleto que jaz no fundo do mar é uma forma inerte da vida instintiva profunda, que conhece de cor a criação da vida, a criação da morte" Clarissa Pínkola pg 178

Com animus desperto e centrado podemos reconstruir a mulher selvagem sem medo, aceitar suas feridas e sair da idealização e da máscara da superficialidade.
Este encontro foi regido pela Essência 53 Lady Nada das Essências de Gabriel, sua evocação Sou abertura de coração para aceitação e perdão.
Na história o momento da entrega do coração para trazer o pulso da dança de onde a mulher renasce, é o momento que fazemos da dor aprendizado e compreendemos o sentido da vida física, vulnerável, limitada mas com o dom da transformação constante. Este foi o foco deste encontro.


centro da Mandala Central

peça confeccionada por uma das participantes após sensibilização

domingo, 23 de outubro de 2011

A MULHER ESQUELETO

 
53 Lady Nada. Essência de Gabriel que acompanhará nosso encontro

No nosso encontro de 28 de outubro de 2011, vamos trabalhar com uma história de vida e morte. A Mulher Esqueleto, história sobre o Mito de Sedna do povo Inuit, incluida no livro Mulheres que Correm com os Lobos de Clarissa Pinkola Estés. Nossa foco nesta história de tanta riqueza de elementos será na recuperação da vida, da carne e do pulso de amar e se nutrir. Neste encontro água e fogo se integram revigorando nossa capacidade de amar.


A História:


“Ela havia feito alguma coisa que seu pai não aprovava, embora ninguém mais
se lembrasse do que havia sido. Seu pai, no entanto, a havia arrastado até os penhascos, atirando-a ao mar. Lá, os peixes devoraram sua carne e arrancaram seus olhos. Enquanto jazia no fundo do mar, seu esqueleto rolou muitas vezes com as correntes.

Um dia um pescador veio pescar. Bem, na verdade, em outros tempos muitos costumavam vir a essa baía pescar. Esse pescador, porém, estava afastado da sua colônia e não sabia que os pescadores da região não trabalhavam ali sob a alegação de que a enseada era mal-assombrada.

O anzol do pescador foi descendo pela água abaixo e se prendeu - logo em que! - nos ossos das costelas da Mulher-esqueleto. O pescador pensou: “Oba, agora peguei um grande de verdade! Agora peguei um mesmo!” Na sua imaginação, ele já via quantas pessoas esse peixe enorme iria alimentar, quanto tempo sua carne duraria, quanto tempo ele se veria livre da obrigação de pescar. E enquanto ele lutava com esse enorme peso na ponta do anzol, o mar se encapelou com uma espuma agitada, e o caiaque empinava e sacudia porque aquela que estava lá embaixo lutava para se soltar. E quanto mais ela lutava, tanto mais ela se enredava na linha. Não importa o que fizesse, ela estava sendo inexoravelmente arrastada para a superfície, puxada pelos ossos das próprias costelas.

O pescador havia se voltado para recolher a rede e, por isso, não viu a cabeça calva surgir acima das ondas; não viu os pequenos corais que brilhavam nas órbitas do crânio; não viu os crustáceos nos velhos dentes de marfim. Quando ele se voltou com a rede nas mãos, o esqueleto inteiro, no estado em que estava, já havia chegado a superfície e caia suspenso da extremidade do caiaque pelos dentes incisivos.

- Agh! - gritou o homem, e seu coração afundou até os joelhos, seus olhos se esconderam apavorados no fundo da cabeça e suas orelhas arderam num vermelho forte.
- Agh! - berrou ele, soltando-a da proa com o remo e começando a remar loucamente na direção da terra. Sem perceber que ela estava emaranhada na sua linha, ele ficou ainda mais assustado pois ela parecia estar em pé, a persegui-lo o tempo todo até a praia.
Não importava de que jeito ele desviasse o caiaque, ela continuava ali atrás.
Sua respiração formava nuvens de vapor sobre a água, e seus braços se agitavam como se quisessem agarrá-lo para levá-lo para as profundezas.

- Aaagggggghhhh! - uivava ele, quando o caiaque encalhou na praia. De um salto ele estava fora da embarcação e saia correndo agarrado a vara de pescar.
E o cadáver branco da Mulher-esqueleto, ainda preso a linha de pescar, vinha aos solavancos bem atrás dele. Ele correu pelas pedras, e ela o acompanhou.
Ele atravessou a tundra gelada, e ela não se distanciou. Ele passou por cima da carne que havia deixado a secar, rachando-a em pedaços com as passadas dos seus mukluks.

O tempo todo ela continuou atrás dele, na verdade até pegou um pedaço do peixe congelado enquanto era arrastada. E logo começou a comer, porque há muito, muito tempo não se saciava. Finalmente, o homem chegou ao seu iglu, enfiou se direto no túnel e, de quatro, engatinhou de qualquer jeito para dentro.
Ofegante e soluçante, ele ficou ali deitado no escuro, com o coração parecendo um tambor, um tambor enorme. Afinal, estava seguro, ah, tão seguro, é, seguro, graças aos deuses, Raven, é, graças a Raven, é, e também a todo-generosa Sedna, em segurança, afinal.

Imaginem quando ele acendeu sua lamparina de óleo de baleia, ali estava ela - aquilo - jogada num monte no chão de neve, com um calcanhar sobre um ombro,um joelho preso nas costelas, um pé por cima do cotovelo. Mais tarde ele não saberia dizer o que realmente aconteceu. Talvez a luz tivesse suavizado suas feições; talvez fosse o fato de ele ser um homem solitário. Mas sua respiração ganhou um que de delicadeza, bem devagar ele estendeu as mãos encardidas e, falando baixinho como a mãe fala com o filho, começou a soltá-la da linha de pescar.

- Oh, na, na, na. - Ele primeiro soltou os dedos dos pés, depois os tornozelos.
- Oh, na, na, na. - Trabalhou sem parar noite adentro, até cobri-la de peles para aquecê-la, já que os ossos da Mulher-esqueleto eram iguaizinhos aos de um ser humano.

Ele procurou sua pederneira na bainha de couro e usou um pouco do próprio cabelo para acender mais um foguinho. Ficou olhando para ela de vez em quando enquanto passava óleo na preciosa madeira da sua vara de pescar e enrolava novamente sua linha de seda. E ela, no meio das peles, não pronunciava palavra - não tinha coragem - para que o caçador não a levasse lá para fora e a jogasse lá embaixo nas pedras, quebrando totalmente seus ossos.

O homem começou a sentir sono, enfiou-se nas peles de dormir e logo estava sonhando.
Às vezes, quando os seres humanos dormem, acontece de uma lágrima escapar do olho de quem sonha. Nunca sabemos que tipo de sonho provoca isso, mas sabemos que ou é um sonho de tristeza ou de anseio. E foi isso o que aconteceu com o homem.

A Mulher-esqueleto viu o brilho da lágrima a luz do fogo, e de repente ela sentiu uma sede daquelas. Ela se aproximou do homem que dormia, rangendo e retinindo,e pôs a boca junto a lágrima. Aquela única lágrima foi como um rio, que ela bebeu, bebeu e bebeu até saciar sua sede de tantos anos.

Enquanto estava deitada ao seu lado, ela estendeu a mão para dentro do homemque dormia e retirou seu coração, aquele tambor forte.
Sentou-se e começou a batucar dos dois lados do coração: Bom, Bomm!... Bom, Bomm!

Enquanto marcava o ritmo, ela começou a cantar em voz alta.

- Carne, carne, carne! Carne, carne, carne!
- E quanto mais cantava, mais seu corpo se revestia de carne.
Ela cantou para ter cabelo, olhos saudáveis e mãos boas e gordas.
Ela cantou para ter a divisão entre as pernas e seios compridos o suficiente
para se enrolarem e dar calor, e todas as coisas de que as mulheres precisam.

Quando estava pronta, ela também cantou para despir o homem que dormia
e se enfiou na cama com ele, a pele de um tocando a do outro. Ela devolveu o grande tambor, o coração, ao corpo dele, e foi assim que acordaram, abraçados um ao outro,enredados da noite juntos, agora de outro jeito, de um jeito bom e duradouro.

As pessoas que não conseguem se lembrar de como aconteceu sua primeira desgraça dizem que ela e o pescador foram embora e sempre foram bem alimentados pelas criaturas que ela conheceu na sua vida debaixo d'água.
As pessoas garantem que é verdade e que é só isso o que sabem.”



fonte http://autoconhecimentoeastrologia.blogspot.com/2010/01/mulher-esqueleto-o-mito-de-sedna.html


sábado, 17 de setembro de 2011

PELE DE FOCA PELE DE ALMA

Próximo Encontro dia 30 de setembro as 19:30 no Pulsare
Programe-se e faça sua inscrição.
kat_msilva@yahoo.com.br

No despertar desta Primavera, vamos regar nossa alma feminina para que possa renascer a criatividade. As águas estão nos convidando a mergulhar em nosso íntimo para nutrirmos nossos potenciais de mulher.
Pele de Foca Pele de Alma é uma das belas histórias de resgate da mulher selvagem do livro de Clarissa Pnkola, Mulheres que Correm com os Lobos.
A vivência terá sensibilização a partir do movimento e uma expressão plástica nos conduzindo a nossa primavera interior.

Segue a história

PELE DE ALMA PELE DE FOCA

Houve um tempo, que passou para sempre e que irá logo estar de volta, em que um dia corre atrás do outro de céus brancos, neve branca... e todos os minúsculos pontinhos escuros ao longe são pessoas, cães, ou ursos.
Nesse lugar, nada viceja gratuitamente. Os ventos são fortes, e as pessoas se acostumaram a trazer consigo seus parkas, mamleks e botas, já de propósito. Nesse lugar, as palavras se congelam ao ar liv re, e frases inteiras precisam ser arrancadas dos lábios de quem fala e descongeladas junto ao fogo para que as pessoas possam ver o que foi dito. Nesse lugar, as pessoas vivem na basta cabeleira da velha Annuluk, a avó, a velha feiticeira que é a própria Terra. E foi nessa terra que vivia um homem... um homem tão solitário que, com o passar dos anos, as lágrimas haviam aberto fundos abismos no seu rosto.
Ele tentava sorrir e ser feliz. Ele caçava. Colocava armadilhas e dormia bem. No entanto, sentia falta de companhia. Às vezes, lá nos bancos de areia, no seu caiaque, quando uma foca se aproximava, ele se lembrava de antigas histórias sobre como as focas haviam um dia sido seres humanos e como o único remanescente daqueles tempos estava nos seus olhos, que eram capazes de retratar expressões, aquelas expressões sábias, selvagens e amorosas. Às vezes ele sentia nessas ocasiões uma solidão tão profunda que as lágrimas escorriam pelas fendas já tão gastas no seu rosto.
Uma noite ele caçou até depois de escurecer, mas sem conseguir nada. Quando a lua subiu no céu e as banquisas de gelo começaram a reluzir, ele chegou a uma enorme rocha malhada no mar e seu olhar aguçado pareceu distinguir movimentos extremamente graciosos sobre a velha rocha.
Ele remou lentamente e com os remos bem fundos para se aproximar, e lá no alto da rocha imponente dançava um pequeno grupo de mulheres, nuas como no primeiro dia em que se deitaram sobre o ventre da mãe. Ora, ele era um homem solitário, sem nenhum amigo humano a não ser na lembrança — e ele ficou ali olhando. As mulheres pareciam seres feitos de leite da lua, e sua pele cintilava com gotículas prateadas como as do salmão na primavera. Seus pés e mãos eram longos e graciosos.
Elas eram tão lindas que o homem ficou sentado, atordoado, no barco, e a água nele batia, levando-o cada vez mais para junto da rocha. Ele ouvia o riso magnífico das mulheres... pelo menos elas pareciam rir, ou seria a água que ria às margens da rocha? O homem estava confuso, por se sentir tão deslumbrado. Entretanto, dispersou-se a solidão que lhe pesava no peito como couro molhado e, quase sem pensar, como se fosse seu destino, ele saltou para a rocha e roubou uma das peles de foca ali jogadas. Ele se escondeu por trás de uma saliência rochosa e ocultou a pele de foca dentro do seu qutnquq, parka.
Logo, uma das mulheres gritou numa voz que era a mais linda que ele já ouvira... como as baleias chamando na madrugada... ou não, talvez fosse mais parecida com os lobinhos recém-nascidos caindo aos tombos na primavera... ou então, não, era algo melhor do que isso, mas não fazia diferença porque... o que as mulheres estavam fazendo agora?
Ora, elas estavam vestindo suas peles de foca, e uma a uma as mulheres-focas deslizavam para o mar, gritando e ganindo de felicidade. Com exceção de uma. A mais alta delas procurava por toda a parte a sua pele de foca, mas não a encontrava em lugar nenhum. O homem sentiu-se estimulado — pelo quê, ele não sabia. Ele saiu de trás da rocha, dirigindo um apelo a ela.
— Mulher... case-se... comigo. Sou um... homem... sozinho.
— Ah — respondeu ela. — Eu não posso me casar, porque sou de outra natureza, pertenço aos que vivem temeqvanek, lá embaixo.
— Case-se... comigo — insistiu o homem. — Em sete verões, prometo lhe devolver sua pele de foca, e você poderá ficar ou ir embora, como preferir.
A jovem mulher-foca ficou olhando muito tempo o rosto do homem com olhos que, se não fossem suas origens verdadeiras, pareciam humanos.
— Irei com você — disse ela, relutante. — Dentro de sete verões, tomaremos a decisão.
E assim, com o tempo, tiveram um filho a quem deram o nome de Ooruk. A criança era ágil e gorda. No inverno, a mãe contava a Ooruk histórias de seres que viviam no fundo do mar enquanto o pai esculpia um urso em pedra branca com uma longa faca. Quando a mãe levava o pequeno Ooruk para a cama, ela lhe mostrava pelo buraco da ventilação as nuvens e todas as suas formas. Só que, em vez de falar das formas do corvo, do urso e do lobo, ela contava histórias da vaca-marinha, da baleia, da foca e do salmão... pois eram essas as criaturas que ela conhecia.
No entanto, à medida que o tempo foi passando, sua pele começou a ressecar. A princípio, ela escamou e depois passou a rachar. A pele das suas pálpebras começou a descascar. O cabelo da sua cabeça, a cair no chão. Ela se tornou naluaq, do branco mais pálido. Suas formas arredondadas começaram a definhar. Ela procurava esconder seu caminhar claudicante. A cada dia seus olhos, sem que ela quisesse, iam ficando mais opacos. Ela passou a estender a mão para tatear porque sua vista estava escurecida.
E as coisas iam dessa forma até uma noite em que o menino Ooruk despertou ouvindo gritos e se sentou ereto nas cobertas de pele. Ele ouviu um rugido de urso, que era seu pai repreendendo a mãe. Ouviu, também, um grito como o da prata que ressoa com uma pedra, que era sua mãe.
— Você escondeu minha pele de foca há sete longos anos, e agora está chegando o oitavo inverno. Quero que me seja devolvido aquilo de que sou feita — gritou a mulher-foca.
— E você, mulher — vociferou o marido. — Você me deixará se eu lhe der a pele.
— Não sei o que eu faria. Só sei que preciso daquilo a que pertenço.
— E você me deixaria sem mulher, e a seu filho, sem mãe. Você é má.
Com essas palavras, o marido afastou com violência a pele da porta e desapareceu noite adentro.
O menino adorava a mãe. Ele tinha medo de perdê-la e, por isso, chorou até dormir... só para ser acordado pelo vento. Um vento estranho... que parecia chamálo.
— Oooruk, Ooorukkkk.
Ele pulou da cama, tão apressado que vestiu o parka de cabeça para baixo e só puxou os mukluks até a metade. Ao ouvir seu nome chamado insistentemente, ele saiu correndo na noite estrelada.
— Ooooooorukkk.
O menino correu até o penhasco de onde se via a água e lá, bem longe no mar encapelado, estava uma foca prateada, imensa e peluda... Sua cabeça era enorme. Seus bigodes lhe caíam até o peito. Seus olhos eram de um amarelo forte.
— Ooooooorukkk.
O menino foi descendo o penhasco de qualquer jeito e bem junto à base tropeçou numa pedra, não, numa trouxa, que rolou de uma fenda na rocha. O cabelo do menino fustigava seu rosto como milhares de açoites de gelo.
— Ooooooorukkk.
O menino abriu a trouxa e a sacudiu: era a pele de foca da sua mãe. Ah, ele sentia seu perfume na pele inteira. E, enquanto mergulhava o rosto na pele de foca e respirava seu cheiro, a alma da mãe penetrava nele como um súbito vento de verão.
— Ah — exclamou ele com alegria e dor, e levou novamente a pele ao rosto. Mais uma vez, a alma da mãe passou pela dele. — Ah!!! — gritou ele de novo, porque estava sendo impregnado pelo amor infindo da mãe.
E a velha foca prateada ao longe mergulhou lentamente para debaixo d'água.
O menino escalou o penhasco, voltou correndo para casa com a pele de foca voando atrás dele e se jogou para dentro de casa. Sua mãe contemplou o menino e a pele e fechou os olhos, cheia de gratidão pelo fato de os dois estarem em segurança. Ela começou a vestir sua pele de foca.
— Ah, mãe, não! — gritou o menino. Ela apanhou o menino, ajeitou-o debaixo do braço e saiu correndo aos trambolhões na direção do mar revolto.
— Ai, mamãe, não me abandone! — implorava Ooruk. E logo dava para se ver que ela queria ficar com o filho, queria mesmo, mas alguma coisa a chamava, algo que era mais velho do que ele, mais velho do que ela, mais antigo que o próprio tempo.
— Ah, mamãe, não, não, não — choramingou a criança. Ela se voltou para ele com uma expressão de profundo amor nos olhos. Segurou o rosto do menino nas mãos e soprou para dentro dos pulmões do menino seu doce alento, uma vez, duas, três vezes. Depois, com o menino debaixo do braço como uma carga preciosa, ela mergulhou bem fundo no mar e cada vez mais fundo. A mulher-foca e seu filho não tinham dificuldade para respirar debaixo d'água.
Eles nadaram muito para o fundo até que entraram no abrigo subaquático das focas, onde todos os tipos de criaturas estavam jantando e cantando, dançando e conversando, e a enorme foca prateada que havia chamado Ooruk de dentro do mar da noite abraçou o menino e o chamou de neto.
— Como você está se saindo lá em cima, minha filha? — perguntou a grande foca prateada.
A mulher-foca afastou o olhar e respondeu.
— Magoei um ser humano... um homem que deu tudo para que eu ficasse com ele. Mas não posso voltar para ele, porque, se o fizer, estarei me transformando em prisioneira.
— E
o menino? — perguntou a velha foca. — Meu neto? — Ele estava tão orgulhoso que sua voz tremia.

— Ele tem de voltar, meu pai. Ele não pode ficar aqui. Ainda não chegou o seu tempo de ficar conosco. — Ela chorou. E juntos eles choraram.
E assim passaram-se alguns dias e noites, exatamente sete, período durante o qual voltou o brilho aos cabelos e aos olhos da mulher-foca. Ela adquiriu uma bela cor escura, sua visão se recuperou, seu corpo voltou às formas arredondadas, e ela nadava com agilidade. Chegou, porém, a hora de devolver o menino à terra. Nessa noite, o avô-foca e a bela mãe do menino nadaram com a criança entre eles. Vieram subindo, subindo de volta ao mundo da superfície. Ali eles depositaram Ooruk delicadamente no litoral pedregoso ao luar.
— Estou sempre com você — afiançou-lhe sua mãe. — Basta que você toque algum objeto que eu toquei, minhas varinhas de fogo, minha ulu, faca, minhas esculturas de pedra de focas e lontras, e eu soprarei nos seus pulmões um fôlego especial para que você cante suas canções.
A velha foca prateada e sua filha beijaram o menino muitas vezes. Afinal, elas se afastaram, saíram nadando mar adentro e, com um último olhar para o menino, desapareceram debaixo d'água. E Ooruk, como ainda não era a sua hora, ficou.
Com o passar do tempo, ele cresceu e se tornou um famoso tocador de tambor, cantor e inventor de histórias. Dizia-se que tudo isso decorria do fato de ele, quando menino, ter sobrevivido a ser carregado para o mar pelos enormes espíritos das focas.  Agora, nas névoas cinzentas das manhãs, ele às vezes ainda pode ser visto, com seu caiaque atracado, ajoelhado numa certa rocha no mar, parecendo falar com uma certa foca fêmea que freqüentemente se aproxima da orla. Embora muitos tenham tentado caçá-la, sempre fracassaram. Ela é conhecida como Tanqigcaq, a brilhante, a sagrada, e dizem que, apesar de ser foca, seus olhos são capazes de retratar expressões, aquelas expressões sábias, selvagens e amorosas.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

VII JORNADAS DE ESTUDOS DAS ESSÊNCIAS DE GABRIEL


Em agosto de 2011 aconteceu a VII Jornada de Estudos das Essências de Gabriel no Pantanal – MT. Centro de Eventos do SESC Pantanal
Pesquisadores de várias regiões do Brasil levaram suas pesquisas  para o campo de estudos do Sistema, que vem crescendo a cada ano e apresentando excelentes resultados.
O Sistema além das 64 Essências Sinérgicas tem lançado a Cada ano Fórmulas específicas como a Essência Mudança em 2010, para usuários que se tratam a mais tempo com o Sistema  e a Essência Aprendizado (2011) como auxiliar nos processos de aprendizagem para crianças e adultos.

O trabalho da Mandala de Mulheres esteve presente levando aos participantes a oportunidade de vivenciar a relação do arquétipo  com uma das essências. Realizamos lá uma vivência com o mito de Inanna e Flor Sofia, como na Mandala de Mulheres de março deste ano.
Nossas percepções neste trabalho , têm contribuido para ampliar a compreensão dos processos psíquicos correspondentes nos tratamentos.

Abaixo estão as mandalas confecionadas com sementes e pasta de pó xadrez, um contato com nosso potencial de transformação a partir do ritmo cíclico da terra.
Relacionando com Flor Sofia aprendemos sobre sua relação com a maestria sobre o tempo, essencial para aplicar corretamente nosso conhecimento com assertividade e humildade.

nesta Mandala cada semente faz uma analogia com os passos de Inanna no céu e no mundo inferior

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

PORQUE TRABALHAR O FEMININO?


Há séculos o patriarcado vem regendo a humanidade. Foi um longo reinado de opressão, competição, moralismos ...  Separados,  masculino e feminino se desequilibraram enquanto gêneros, nas relações afetivas e suas criações. De um lado a ciência tentou ignorar o psíquico e a espiritualidade, por outro a religião guardou os mistérios a sete chaves.
No século XX as mulheres foram recuperando seus espaços. Partiu-se para uma igualdade de direitos urgente e necessária, mas que continuou atropelando a sensibilidade e o feminino em sua essência.
Hoje, século XXI, é o momento da equilibração e união do masculino feminino no seu real sentido. A mulher ,possuidora dos elementos fisiológicos e psíquicos para melhor captar o feminino, é sem dúvida, a principal responsável em resgatar estes valores, sentimentos e intuições que caracterizam esta sabedoria .
A masculinização da mulher, a faz passar por cima dos seus ritmos e sentidos, torna-a mantenedora de todos as responsabilidades do lar e exige para sua sexualidade uma compatibilidade ao modelo físico da moda. Tudo isso traz uma sobrecarga que além de afastá-la do arquétipo compromete toda uma geração.
Recuperar a sabedoria ancestral feminina é despertar valores e intuições desativadas no passado e substituídas por crenças a serviço do mecanicismo, do capitalismo e tantos outros "ismos". 
Isso não significa uma sobrecarga para nós mulheres, é uma honra, um lugar a desvendar, uma semente pra renascer e florescer dentro do nosso vaso da alma.

Kátia Silva

Indicação bibliográfica

O Milionésimo Círculo – Jean Shinoda
“mulheres de todas as idades têm formado círculos com os mais variados propósitos (...) Até agora, não havia nada disponível ao sentido de inspirar, instruir ou mesmo atrair a imaginação de milhares de mulheres engajadas num movimento que, num futuro próximo, será reconhecido como a grande mudança social,cultural e psicoespiritual de nossa época.”

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

PROPOSTA DO SEGUNDO SEMESTRE 2011

Vivência, Arteterapia e  Florais para despertar transformações.

A proposta da Mandala de Mulheres neste semestre é de incentivar um trabalho seqüencial as participantes. Viver um ciclo de encontros, aprofundando-se neste exercício de desenvolvimento da consciência e focar nas transformações.
Para quem vier disposta a viver o ciclo completo haverá uma inscrição e o valor dos quatro encontros será pago em até 4 cheques de 45 reais incluindo material utilizado nos encontros, para quem se interessar em acompanhar o processo com Terapia Floral com as Essências de Gabriel terá 50% de desconto nas consultas no consultório durante os 4 meses.

O grupo continuará aberto a novas integrantes, porém as participações avulsas terão custo de 50 reais mais taxa de material dependendo do que for utilizado no encontro ( em torno de 5 reais). Todos os encontros haverá uma atividade arteterapêutica.

SEXTAS FEIRAS DAS 19:30 AS 22:00hs
26  Agosto – Intuição como porta de diálogo com o mundo interno
30 Setembro – Criatividade,  a chama que transforma
28 Outubro – Fluidez, leveza que dá espaço para a consciência
25  Novembro – Corporificar – identificar e mover o ciclo vivido no corpo 
Os Florais das Essências de Gabriel sempre acompanham as vivências sendo borrifados no ambiente, mas você pode associar o trabalho com essências específicas para as suas intenções com uma sessão individual. Lembrando que no encontro da Mandala de Mulheres é focado um tema geral, sem exposição de questões pessoais.

ESSÊNCIAS DE GABRIEL - Florais

Kátia Silva

O Sistema de Gabriel é criado com flores nativas do bioma Cerrado, da área de preservação ambiental Terra Nostra. 
Elaborado com água cristalina da nascente do Santuário de Gabriel,
Composto por 64 Essências Sinérgicas de flores e cristais e 04
Essenciais do Espírito Sagrado conformador dos seres criadores:
Água, Fogo, Terra e Ar.       
Cada Essência Sinérgica traz  um padrão de consciência luminosa.
O Essencial afina a matriz alquímica individual e se expressa  pela
percepção no nível sub-consciente.
A sinergia sagrada entre fogo e água no Cerrado gera um bioma cujas características  de força, persistência , sutileza e vitalidade se plasmam no teor vibracional das Essências Sinérgicas.
Sob a proteção e guia da grande onda dourada de cura que circunda o planeta, o Sistema de Gabriel foi criado entre julho de 1997 e julho de 2000, por Maria Teresa Miralles.

Maria Teresa Miralles, natural de Barcelona, no Brasil desde 1972.  PhD em Psicopatologia (Montreal,1971), Formação em Aura Soma (Tetford,1997),Terapeuta Floral desde 94, formada pelos sistemas de Bach, Desert Alchemy, Australian Bush, Alaskan, Califórnia, Himalaia. Terapeuta Transpessoal formada pelo Instituto Dinâmica Energética do Psiquismo.

As flores das essências sinérgicas são uma matriz da consciência luminosa que em nós se plasma como virtude. Por ser este sistema criado com flores intocadas da mata preservada,  traz consigo uma força profunda que se expressa numa grande sutileza. Os cristais que há nelas, trazem em sua estrutura cristalina o padrão da geometria sagrada pela qual o divino se expressa. 
As essências sinérgicas atuam em nós ampliando a consciência, levando-nos à união com o nosso ser essencial. Elas nos fazem, experimentar a Consciência, oferecendo-nos a dádiva de seu despertar.
O trabalho de pesquisa vem sendo realizado desde o início da criação do Sistema por uma equipe de profissionais de diversas áreas da Terapia Transpessoal. Essa equipe hoje é composta por 17 membros, do qual faço parte desde 2003.

A Mandala de Mulheres tem feito uma linda parceria com as Essências. Desde o primeiro encontro uma delas é escolhida, de acordo com a virtude ou o tema da história, borrifada no ambiente e sua matriz colocada no centro da Mandala.
A essência no ambiente age no coletivo auxiliando a expansão do campo de energia do tema e na nossa percepção sobre ele. Para as pesquisas sobre as sutilezas da essência e seus processos. A ótica,  a partir os arquétipos, tem contribuído bastante no conhecimento de suas indicações.



ESSÊNCIAS DE GABRIEL NA MINHA DINÂMICA DE TRABALHO
No consultório ofereço as essências aos clientes em psicoterapia e também sou procurada por pessoas que só querem a Terapia Floral, acompanhamento mensal. Tenho muitos clientes que terminam seu processo psicoterapêutico mas permanecem com as essências.
As essências florais são como gotas de orações e bençãos que podem nos acompanhar sempre. Elas trazem liberdade, harmonia e luz para a consciência. Mas não são “milagrosas”, mobilizam trabalho interno e atenção constante. Por isso é indispensável o acompanhamento terapêutico para auxiliar neste diálogo e escuta interna. A parceria com a psicoterapia é muito proveitosa para desenvolver este treino.
Para outros são suficiente as consultas mensais.

CÍRCULO DAS FLORES



O círculo das Flores surgiu de um trabalho de pesquisa desenvolvido por mim, Katia Silva e Marilda Donatelli sobre o mito ameríndio das Treze Mães dos Clãs Originais , do livro de Jaime Sans,“The Thirteen Original Clan Mothers, relacionando-as com as Essências Florais do Sistema Essências de Gabriel.
Marilda é co fundadora do grupo Rodas da Lua em Brasília que desenvolveu um longo trabalho dentro deste mito e as danças circulares.
Em abril de 2010 realizamos a Mandala de Mulheres com o conto das Sete Cavernas da  Guardiã da Sabedoria no Pulsare.
A vivência foi um percurso em espiral através dos símbolos de cada espaço interno que as cavernas representam:

1a caverna - Leste.
Aspecto masculino da natureza, aquele que busca a iluminação e a consciência
2a caverna - Sul.
O lugar da criança.
3a caverna - Oeste.
Lugar do futuro, onde o Sol se põe. A noite, o feminino.
4a caverna - Norte.
Lugar da cura e da gratidão.
5a caverna - Direção de cima.
O reino dos Espíritos.
6a caverna - Direção abaixo.
A memória gravada nos “bancos de dados” do Povo das Pedras.
7a caverna - Espaço interno.
O coração.

Em setembro de 2010 realizamos no Santuário de Gabriel , Reserva do Patrimônio  Natural em Goiás, onde se concentram todas as pesquisas e trabalhos do Sistema das Essências de Gabriel.
O evento teve duração de 3 dias onde foram realizadas 3 Mandalas de Mulheres além de caminhadas na mata, meditação e práticas corporais. Estas vivências nos possibilitaram aprofundamento na virtude  de cada guardiã as quais foram relacionadas cada uma com uma Essência de Gabriel. Cada participante aceitou seguir tomando  a essência que lhe correspondeu, o que  nos auxiliou num maior aprofundamento   mesmo após voltarmos para nossas rotinas. Éramos 12 mulheres na mata buscando nossa força e verdade.
Segue o vídeo que uma das participantes compôs com suas fotos.


terça-feira, 21 de junho de 2011

Como é um Encontro?


Um encontro da Mandala de Mulheres consiste em nos reunirmos em roda e no centro dela montarmos uma mandala com os símbolos contidos na história que  iremos trabalhar. 
As histórias são escolhidas por mim de acordo com o tema a ser trabalhado naquele encontro, como por exemplo: auto estima, intuição, sexualidade...
Após ouvirmos a história vamos vivenciá-la numa sensibilização corporal, respirando, movimentando os elementos dela numa dança ou simplesmente observando seu fluxo no corpo. Geralmente realizamos uma atividade artística que possibilita o movimento interno do tema e a expressão em formas e cores.
Depois fazemos a partilha de sensações e percepções.
O objetivo de realizar esta experiência é despertarmos e  nos apropriarmos da sabedoria do arquétipo movido pela história, reconhecendo-a como parte de nós.
Quanto mais histórias movemos e aprofundamos, mais portas abrimos para compreender o mundo dentro e fora de nós.

domingo, 19 de junho de 2011

auto conhecimento e criatividade

Existem muitos caminhos de autoconhecimento, a arte é um deles. Possibilitar vias de expressão da criatividade é abrir portas para compreender a vida e o mundo recriando-o de diversas maneiras. Viver uma história além de ouvi-la possibilita ao nosso inconsciente reconhecê-la como experiência conservando-a na memória como um símbolo vivo que poderemos acessar quando necessitarmos.É uma forma de não esquecermos quem realmente somos. Somos muito mais que papéis, personalidades, tipos físicos ou psicológicos.
Criar nos relembra nossa capacidade constante de transformar e expandir em multiplas dimensões.
Quando um grupo se reúne em círculo com esta intenção, a potência é ainda maior, cada um pode captar uma faceta da experiência e contribuir para ampliação da consciência de todos.
Na sociedade moderna não somos educados para reconhecer estes caminhos, somos condicionados a pensar individualmente, a competir na ilusão de que podemos chegar a algum lugar sózinhos.

A cada encontro da Mandala de Mulheres que ativamos estes mitos e nos familiarizamos com eles, percebo o quão vivo todas estes personagens estão em mim e o quanto de esforço, agora bem menor, ainda faço para mantê-los no meu cotidiano. Graças a teimosia do impulso artístico o organizo na minha rotina. Ouvindo o chamado para uma poesia, uma cor na salada, uma flor no vaso, um olhar para o sol ,as cores , os sons.... Katia Silva


A história de Vasalisa trouxe muitas luzes novas  para nossa consciência e comemoramos isso confeccionando Mandalas de velas, que a partir do fogo ativa brilhos e cores novas dentro e fora de nós.

terça-feira, 14 de junho de 2011

MANDALA DE MULHERES 17 de junho de 2011

Antecipamos nosso encontro por conta do feriado prolongado na próxima semana.

Nosso tema é:


Nutrindo a Chama Interior
Vivência de fortalecimento da intuição e do poder criativo
História -"Vasalisa" ( já postada neste blog)
do livro Mulheres que Correm com os Lobos

espero vocês! 

quarta-feira, 8 de junho de 2011

HISTÓRICO DA MANDALA DE MULHERES

HISTÓRICO DA MANDALA DE MULHERES

Em 2007 iniciamos o trabalho num evento de Semana da Mulher, promovido todos os anos no Pulsare Práticas Corporais , onde foi apresentado o espetáculo teatral Mulheres – livremente inspirado no livro Mulheres que Correm com os Lobos apresentado por Kelly Orasi e Lilian Guerra. Naquele ano iniciei encontros aos domingos a tarde com vivências  inspiradas no Mito de Psique. A cada encontro trabalhávamos com uma tarefa do mito.
No final deste ano realizamos uma grande Mandala  onde a poesia conduziu a vivência, no SPA Mãe Natureza com as alunas do Pulsare.


Em 2008 os encontros passaram a ser as sextas feiras a noite.
Iniciamos na Semana da Mulher em março, desta vez o evento  teve a participação de Kelly Orasi narrando a história de Sherazade e Luiza Bugno com  Dança do Ventre.
Neste ano a ênfase  se deu nos contos do livro Mulheres que Correm com os Lobos, a cada encontro uma história.


Em 2009, o evento das Mulheres foi um grande encontro no Parque do Piqueri onde praticamos Lian Qong , a prática trouxe o QiQong das Mullheres e Luiza Bedin nos contou a história A Moça Tecelã do livro de Marina Colassant.
Seguimos o ano e continuamos com os contos do Livro Mulheres que Correm com os Lobos e Ciranda das Mulheres Sábias.




Em 2010 iniciamos em março com  uma linda Mandala de Mulheres coordenada por Luiza Yoko, Rosangela Accioli trabalhando o QiQong das Mulheres e eu com as Essências de Gabriel. Nesta vivência realizamos um ritual das águas para Kuan Yin.


Seguimos em 2010 , com  ênfase no mito ameríndio das 13 mães dos Clãs Originais ” do livro de Jamie Sans “The Thirteen Original Clan Mothers”, a cada mês trabalhávamos uma guardiã e no mês de outubro juntamente com Marilda Donatelli realizamos uma vivência de três dias no Santuário de Gabriel em Pirenópolis – GO convocando as virtudes das treze guardiãs. Este evento foi chamado Círculo das Flores (ver postagem específica)





Em 2011 o evento promovido pelo Pulsare teve QiQong das mulheres, palestra sobre alimentação,danças circulares e  uma vivência de dança espontânea no Parque do Piqueri.
O mito de Inanna foi nosso primeiro tema do ano.( ver postagem específica)




Seguimos com profundidade no mito de Inana numa pesquisa com as Essências de Gabriel e foi realizada uma Mandala especial na Jornada de Estudos das Essências de Gabriel no Pantanal - MT em agosto.  
Outros temas também foram trabalhados até novembro.



Em 2012 nossos encontros ficaram com uma freqüência mais livre. Iniciamos em maio com um mito africano e no segundo semestre acompanhei o trabalho de Otilia Françoso no espetáculo Donzela sem Mãos e buscamos um aprofundamento nesta história de dor e renascimento também nos nossos encontros.

Em 2013 foi o ano das Rodas de Tambores com La Loba  acordando nosso pulso com a vida no ritmo da Terra.  Foi o ano  da abertura para a composição com homens nos trabalhos. A presença de Daniel Moray com seus tambores diversos nos conduzindo nesta experiência com os ritmos foi maravilhosa e tivemos que repetir no segundo semestre.